No dia 21 de fevereiro de 1968, centenas de pessoas, na sua maioria jovens estudantes, manifestaram-se contra a guerra do Vietnam e a guerra colonial. Acorreram à embaixada dos EUA (situada então na Av. Duque de Loulé, 39) com a intenção de entregar um abaixo-assinado contra a guerra do Vietnam, contra a agressão norte-americana, contra o colonialismo e o imperialismo.
A convocatória para a manifestação afirmava que “Nos confins da Ásia, há um povo que luta de armas na mão pela sua Liberdade”, clara alusão que englobava os povos das colónias sob domínio português que também tinham iniciado a sua luta de libertação.
A polícia de choque interveio rapidamente, atacando os manifestantes com cães, o que nunca acontecera antes. Agentes da PIDE tentavam, por seu lado, identificar e prender alguns participantes. Mas o certo é que a própria violência policial obrigou à reorganização dos manifestantes, que partiram em diferentes direções, tornando o protesto visível em muitos pontos da cidade, desde o Arco Cego à Praça do Chile e Almirante Reis e, mesmo também, em Benfica.
Na verdade, com a criação de Comités Vietnam na Universidade, essa manifestação tinha sido preparada e estudadas soluções para impedir ou retardar a atuação da polícia, como foi o caso de elétricos a que manifestantes desligaram o cabo de ligação à rede elétrica, imobilizando-os e bloqueando assim o avanço das carrinhas policiais.
A manifestação contra a guerra do Vietname realizada em Portugal inseriu-se no movimento internacional de solidariedade com o Povo do Vietnam. Também as palavras de ordem inicialmente definidas, como 'Vietname para o Vietcong’ foram acompanhadas por ‘Ho, Ho, Ho Chi Minh!’ e. logo depois, pelos primeiros gritos contra a guerra colonial.
A participação nesta manifestação e a capacidade demonstrada de fazer de algum modo frente à repressão constituíram ensinamentos que mobilizaram muitos jovens, como foi também o caso de Ribeiro Santos.