Arnaldo Matos

O camarada Ribeiro Santos era um homem dotado de uma modéstia magnífica. Não só na maneira como se apresentava como no contacto que com todos tinha. 
O seu exemplo é uma glória para todo o povo, para a classe operária e para o nosso Movimento. 
Estivemos ainda um ano juntos nas mesmas lutas, e foi um homem que fazia sempre parte de todas as organizações a que eu pertenci nessa altura, na Associação Académica da Faculdade de Direito, e noutros combates que travámos.
Eu estava na clandestinidade na altura em que ele morreu, e a rádio começou a dar a notícia da morte de um estudante. Eu estava em Algés, sozinho em casa, e disse: é nosso! Isto é, não havia dúvidas nenhumas. Para mim, um estudante morto a tiro pela PIDE, só podia ser do MRPP!

O camarada Ribeiro Santos foi assassinado num momento em que o movimento revolucionário em Portugal entrava decisivamente na sua fase de ascensão. Nessa altura, a táctica usada pelo inimigo foi o conluio entre os fascistas que estavam no poder e os revisionistas que se preparavam para os substituir. Essa táctica levou à morte de um glorioso filho do povo, de um glorioso camarada.
Na altura eles pediram que tivessem calma. E a calma foi a morte de um filho do povo. 
Temos muito que aprender com a intrepidez, a coragem, que eles (Ribeiro Santos e Alexandrino de Sousa) revelaram em momentos que eram extremamente difíceis. Não é por acaso que nós temos este tipo de heróis, porque são raros, mesmo na revolução portuguesa mais antiga.
Estes homens fazem a revolução, aparentemente não precisam de saber quantas pessoas estão ao lado deles para saber se a revolução deve ser feita ou não, e isso é um exemplo bastante importante para nós.