Fundação do MRPP

Data

O Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP) foi fundado no dia 18 de setembro de 1970, numa casa da Estrada do Poço do Chão, em Benfica, Lisboa, no ano do centenário do nascimento de Lenine, e teve Arnaldo Matos como um dos seus fundadores e primeiro e único Secretário-Geral. 

Para os seus fundadores, a constituição do MRPP resultou da conclusão, formulada com base num estudo do movimento operário e revolucionário português e, em particular, dos fracassos sucessivos da sua luta, de que nunca tinha havido em Portugal um partido comunista, verdadeiramente marxista-leninista, e, em consequência, da necessidade de a classe operária ter de dispor desse seu partido.

Contudo, em oposição aos que surgiam com partidos ou comités que se arrogavam de marxistas, formados e a atuar a partir de Paris, para os fundadores do MRPP, o partido que este movimento se propunha fundar teria de forjar-se na luta de classes em Portugal e dotar-se de uma linha política revolucionária, em ruptura com a linha revisionista do partido de Barreirinhas Cunhal.

Em dezembro de 1970 é publicado o primeiro e único número do Bandeira Vermelha (ver anexo 1), órgão teórico do Movimento, e, em fevereiro de 1971, inicia-se a edição e distribuição clandestinas do jornal Luta Popular (ver anexo 2), seu órgão central.

Caracterizando-se, logo de início, por uma grande capacidade de mobilização e combatividade (ver anexo 3), o MRPP rapidamente veio a conquistar um vasto apoio junto da juventude estudantil revolucionária, através da sua organização para este sector, a Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas (FEML) que editava o jornal Guarda Vermelha (ver anexo 4) e onde militou Ribeiro Santos.

O MRPP alargou progressivamente a sua influência e organização junto de sectores operários mais conscientes e aos quartéis (aqui com a organização de soldados e marinheiros RPAC – Resistência Popular Anti-Colonial, que editava o jornal Resistência - ver anexo 5).

Opondo-se às ilusões alimentadas pela chamada primavera marcelista e adotando, em particular, uma nova estratégia relativamente à luta anticolonial (Guerra do povo à guerra colonial-imperialista!, Independência imediata dos povos das colónias!, Deserção em massa e com armas!), foram algumas das palavras de ordem que passaram a marcar a sua intervenção) e levando a cabo arrojadas ações-relâmpago de propaganda à entrada das fábricas, nos bairros e concentrações populares, com distribuição de comunicados e rápidas intervenções, o MRPP e os seus militantes passaram a ser um dos principais alvos da perseguição da PIDE (ver anexo 6).

Para além da FEM-L e da RPAC surgirá ainda, sob a direção do MRPP, o MPAC (Movimento Popular Anti-Colonial), onde se integram estruturas unitárias (ver anexo 7) como os CLACs (Comités de Luta Anti-Colonial- ver anexos 8 e 9) e outros núcleos estudantis mais amplos na Universidade de Lisboa, como o Ousar Lutar, Ousar Vencer, em Direito, e Estar na Luta, em Económicas (actual ISEG).

Primeira página de "Bandeira Vermelha" n.º 1, órgão teórico central do MRPP, dezembro de 1970
1
Capa do Luta Popular n.º 1, fevereiro de 1971, órgão de massas do MRPP.
2
Primeira página do documento "q situação actual e as tarefas técticas do nosso movimento", edição Bandeira Vermelha/MRPP, janeiro de 1971
3
Primeira página do jornal "Guarda Vermelha" n.º 1, de abril de 1973, órgão da Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas (FEML)
4
Primeira página do jornal "Resistência", n.º 1, de agosto de 1971, órgão da Resistência Popular Anti-Colonial (RPA-C), organização dos soldados e marinheiros revolucionários
5
Primeira página do documento interno do Comité Lenine do MRPP sobre o comportamento dos comunistas e dos militantes revolucionários perante a polícia política, "perante as torturas, as provocações e as manhas dos esbirros da burguesia terrorista e exploradora"
6
Capa de O Anti-Colonialista n.º 12, 1.ª quinzena Abril 1974, Jornal Central do Movimento Popular Anti-Colonial (MPAC). Convovca para as manifestações do 1.º de maio de 1974 em 5 localidades.
7
Primeira página do n.º 1 do Jornal do Comité de Luta Anti-Colonial (CLAC) com o título "Guerra do Povo à guerra colonial-imperialista"
8
Tarjeta editada pelos CLAC (Comités de Luta Anti-Colonial)
9

destaques

Direcção-Geral de Segurança
Reorganização da Direção-Geral de Segurança (a PIDE mudou de nome para DGS)
Remodelação governamental
Remodelação do governo de Caetano: entra Cotta Dias para as pastas da Economia e das Finanças, substituindo Dias Rosas.
O "clima de paixão" visto pelo IST
O Conselho Escolar do IST aprovou um documento "para evitar que o "clima de paixão" induzido pelo incidente ocorrido no ISCEF no passado dis 12 possa perturbar brusca e irreversivelmente as condições normais de funcionamento que se estão verificando no IST"