No dia 16 de dezembro de 1972, as forças armadas portuguesas lançaram na zona de Tete, no Norte de Moçambique, uma operação conjunta da aviação, comandos e PIDE/DGS contra cinco aldeias: Wiriyamu, Juwau, Djemusse, Riacho e Chaworha.
Depois de lançadas bombas sobre a aldeia de Wiriyamu, entraram em ação os militares dos Comandos e os pides e seguiu-se a barbárie. O morticínio estender-se-ia às referidas quatro povoações ao longo do rio Zambeze sob variadas e desumanas formas.
Centenas de pessoas foram chacinadas, entre elas mulheres e crianças. Muitas foram fechadas dentro das cubatas onde morreram carbonizadas por ação de granadas incendiárias, outras foram fuziladas. Soldados destruiram e saquearam palhotas e as infraestruturas das aldeias, abrindo fogo sobre pessoas cujos corpos foram depois colocados, misturados com pessoas vivas, em piras funerárias para serem consumidos pelo fogo.
Terão morrido 385 pessoas, cerca de um terço dos 1350 habitantes das cinco aldeias.
A listagem das vítimas e o relato dos acontecimentos foram apurados por Domingo Kansande e pelo padre Domingos Ferrão que fez chegar as informações a diversos padres espanhóis e holandeses.
A denúncia pública internacional do massacre seria assumida pelo padre inglês Adrian Hastings no jornal britânico “The Times”, a 10 de julho de 1973, dias antes da visita de Marcelo Caetano a Londres, ofuscada pelos prorestos e manifestações, em que o massacre de Wiriyamu foi o centro das atenções. As circunstâncias deste massacre seriam também levadas à Organização das Nações Unidas.
No decurso da visita oficial que o Primeiro-Ministro realizou a Moçambique em setembro de 2022, António Costa afirmou em Maputo, no jantar que ofereceu ao Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi: "Neste ano de 2022, quase decorridos 50 anos sobre esse terrível dia de 16 de dezembro de 1972, não posso deixar aqui de evocar e de me curvar perante a memória das vítimas do massacre de Wiriyamu, ato indesculpável que desonra a nossa história."