Amílcar Cabral assassinado em Conacri

Data
Local
Conacri

Amílcar Cabral, Secretário-geral do PAIGC, foi assassinado a tiro em Conacri, República da Guiné, em circunstâncias que ainda hoje não se encontram plenamente esclarecidas.

Em janeiro de 1973, a vida parecia sorrir a esse engenheiro agrónomo que, segundo um antigo guerrilheiro, seguia muitas vezes, de binóculo, sobre um morro próximo, os combates em torno de Madina do Boé. No terreno, a luta prosseguia com crescente dificuldade para os portugueses. No exterior, era reconhecido como um grande dirigente africano. 

“Devíamos ter previsto o que aconteceu, tanto mais que em 70 houvera a agressão a Conacri, organizada pelas tropas colonialistas, que atacaram Conacri, desembarcaram em Conacri, atacaram a casa em que nós vivíamos… E havia informações, vindas de países amigos, de algumas confissões de elementos infiltrados, que referiam esse plano, embora, creio, para mais tarde… Devíamos ter sido muito mais cuidadosos… Mas a personalidade do Amílcar também não ajudou, era um indivíduo que detestava andar com guarda-costas, não facilitou o trabalho da segurança. Nesse dia mesmo, estávamos os dois sozinhos…” (Ana Maria Cabral)

Frente aos que pretendiam amarrá-lo, resistiu, declarando preferir ser morto a ser amarrado: “É por isso mesmo que eu luto, para que deixemos de amarrar as pessoas… O ser humano não pode ser amarrado. Se há problemas, vamos sentar, vamos discutir, vamos conversar.” Nesse dia 20 de janeiro, Ana Maria e a secretária de Cabral foram também presas. Mas, diferentemente do que se passou com os restantes dirigentes do PAIGC, não foram ameaçadas de fuzilamento no dia seguinte. Os atacantes queriam primeiro que lhes dessem toda a documentação pertencente a Amílcar Cabral.

Aristides Pereira, esse, foi amarrado e levado para um barco, e depois libertado pelos homens da Marinha da Guiné Conacri que, a bordo de um navio soviético, conseguiram apanhar a embarcação dos raptores antes que deixasse as águas territoriais guineenses e alcançasse Bissau. Segundo Ana Maria Cabral, haveria um outro barco à espera: “Nesse barco estariam os colonialistas, e esse barco é que o levaria a Bissau.” 

(Após o seu assassinato, o Comité Diretivo da RPA-C adotou o nome de Amílcar Cabral - ver comunicado anexo)
 

destaques

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Reorganização da Direção-Geral de Segurança (a PIDE mudou de nome para DGS)
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Remodelação do governo de Caetano: entra Cotta Dias para as pastas da Economia e das Finanças, substituindo Dias Rosas.
O "clima de paixão" visto pelo IST
O Conselho Escolar do IST aprovou um documento "para evitar que o "clima de paixão" induzido pelo incidente ocorrido no ISCEF no passado dis 12 possa perturbar brusca e irreversivelmente as condições normais de funcionamento que se estão verificando no IST"