Na noite de 25 de novembro de 1967, a região de Lisboa foi abalada por chuva intensa que afetou, sobretudo, as zonas mais pobres. As comunicações ferroviárias e telefónicas foram gravemente afetadas em toda a região. Explodiu o paiol do Forte do Carrascal, levando à evacuação de muitas centenas de moradores das proximidades. Mas, no Estoril, onde maior foi a pluviosidade nessa noite, não se verificaram praticamente quaisquer estragos.
Face à incapacidade manifesta das entidades públicas em acorrer às situações de morte e destruição que, a pouco e pouco, se conheceram, apesar da censura que se abateu sobre as notícias desses efeitos devastadores, os estudantes, organizados nas suas associações, acorreram em apoio das populações.
Centenas de jovens partiram para as periferias: removeram lamas, enterraram animais mnortos, desobstruiram caminhos, limparam as casas, vacinaram milhares de pessoas.
Entretanto, as "senhoras" da Cruz Vermelha iam espreitar a medo os "pobrezinhos", que frequentemente as afastavam, as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia mostravam-se praticamente incapazes de socorrer o que quer que fosse, mas a polícia começou a mostrar-se, para tentar controlar a situação e, por vezes, impedir os trabalhos de salvamento que estavam em curso.
Os estudantes demonstraram que estavam ao lado das populações e muito aprenderam naqueles dias, conhecendo a realidade e compreendendo qual era o país verdadeiro.
Nessas jornadas, em que participou o jovem José António Ribeiro Santos, muitos foram os estudantes que ganharam nova consciência e nunca mais esqueceram que deviam estar ao lado do Povo.