Presos pela PIDE/DGS em Moçambique os padres Joaquim de Sampaio e Fernando Mendes (os "pades de Macúti"), sob a acusação de "crime contra a harmonia racial" e de "prática de crimes contra a segurança do Estado". Foram julgados em tribunal militar, onde denunciaram os massacres do exército colonial. O Pe. Sampaio diria mais tarde, evocando a suua prisão: "É lutando que se vive e é a lutar que se morre"
Muitos padres enviados da “metrópole” para dar apoio moral e religioso à tropa portuguesa, tinham um só discurso contra “os terroristas que, com o apoio das potências comunistas e estrangeiras pretendiam separar Moçambique da Mãe Pátria”.
Mas também havia os que denunciaram as atrocidades cometidas contra as populações, como foi o caso do relatório dos padres espanhois Alfonso Valverde e Martín Hernandez sobre os massacres de Mukumbura, que se verificaram desde o dia 27 de abril até 4 de novembro de 1971 – estando identificadas pelo nome e idade todas as dezenas de vítimas.
No dia 1 de janeiro de 1972, ao celebrar o Dia Mundial da Paz, cujo tema proposto pelo Papa Paulo VI era “Se queres a paz trabalha pela justiça”, os padres de Macúti, os padres Joaquim de Sampaio e Fernando Mendes, decidiram divulgar o relatório sobre os massacres de Mukumbura.
A denúncia pública desses factos provocou a ira das autoridades coloniais e, logo em 14 de janeiro, viriam a ser presos em Vila Perry e transportados para as celas prisionais da delegação da PIDE/DGS Beira. Um mês depois, foram transferidos para o denominado “Centro de Recuperação da Direcção-Geral de Segurança/Machava”, nos subúrbios de Lourenço Marques (atual Maputo), onde já estavam também os padres Alfonso Valverde e Martín Hernandez, de Mukumbura.
Julgados no 1.º Tribunal Militar Territorial de Moçambique, os dois padres de Macúti seriam condenados por sentença de 26 de janeiro de 1973, mas sairam em liberdade, dado o tempo de prisãoi já sofrido. Os dois padres espanhois, por seu lado, não foram sequer levados a tribunal, sendo expulsos no princípio de 1974.
