A direção da Faculdade de Ciências de Lisboa encerra instalações, acusa estudantes e, como habitualmente, alega que foi decidido superiormente tomar diversas medidas repressivas, de que se destaca a introdução de "gorilas" para controlo de entradas no edifício da Faculdade.
Ribeiro Santos fora assassinado há pouco mais de quinze dias e os estudantes mantinham os seus combates em toda a universidade, apesar da violência repressiva e da diligência com que alguns a executavam.
Atente-se ainda na inclusão na caixa apresentada pelo jornal "Diário de Lisboa" de uma nota sobre provas no IST, no ISCEF e no ISCSPU "não se tendo registado quaisquer anomalias" - assim se exibindo uma pseudo normalidade na Universidade, em que, no entanto, grande parte está encerrada.
A Faculdade de Ciências viria a estar em foco, novamente, em 23 de janeiro de 1973, quando o seu diretor, António Almeida e Costa, telefonou para a 1.ª Divisão da PSP (Praça da Alegria) "solicitando a intervenção da PSP naquela Faculdade onde se estava realizando uma RGA".
Para lá seguiu o comandante da polícia de choque, capitão Maltez Soares, "com uma pequena força", que, logo à entrada da Faculdade, mandou dispersar um grupo de alunos que se encontrava frente ao portão da Faculdade.
Seguidamente, o dito polícia contactou o diretor da Faculdade que "estava aborrecido pelo facto dos processos disciplinares ainda não terem sido resolvidos", acrescentando que "iria falar com o Senhor Sub-secretário para ver se resolvia o assunto, caso contrário o melhor era o mesmo vir tomar conta da Fac.Ciências".
Após este significativo retrato do comportamento das "autoridades académicas", o capitão-polícia termina o seu relatório informando que "os alunos que discursavam na reunião eram os que foram há pouco tempo soltos pela DGS", indicando três nomes.