José António Ribeiro Santos vivia em casa de seus pais, na então Calçada de Santos.
A 12 de outubro de 1974, o MRPP organizou uma homenagem ao seu militante, colocando, na parede desse edifício, uma placa com os seguintes dizeres: Largo Ribeiro Santos, militante do MRPP assassinado pela PIDE em 12-10-1972. Na mesma casião, foi pintado um mural na Calçada agora denominada Ribeiro Santos (figura 1).
A Câmara Municipal de Lisboa viria a retirar essa placa mas, perante a imperiosa vontade popular, o Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa, eng. Caldeira Rodrigues, solicitou «parecer da Comissão [Consultiva Municipal de Toponímia] sobre a consagração na toponímia citadina, de nomes que a opinião pública impõe como Ribeiro Santos, Alves Redol, Bento Gonçalves e outros»
A Comissão Consultiva Municipal aprovou a alteração da toponímia daquela Calçada na sua reunião de 15 de novembro de 1974 e o 1º Edital de toponímia municipal (de 30/12/1974) , alterou a denominação da Calçada de Santos para Calçada Ribeiro Santos, com a legenda «Militante Antifascista/1946-1972».
Esta decisão apenas omitiu o facto de Ribeiro Santos ter sido assassinado por agentes da PIDE/DGS em 12 de outubro de 1972. E tal memória incompleta omitiu ainda que, sendo um militante antifascista...Ribeiro Santos também era um militante anti-social-fascista.
No 40.º aniversário do assassinato de Ribeiro Santos, em 12-10-2012,o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, o Reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, e o Presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, André Machado, colocaram, junto a uma porta da casa onde viveu José António Ribeiro Santos, a placa que se reproduz (figura 2), no exato estado em que se encontra em abril de 2022. O MRPP entendeu não comparecer a essa cerimónia, discordando da sua organização e conteúdo.
A desmemória desta placa é identicamente confrangedora.
Ver ainda a evocação de Ribeiro Santos em 1974.