A 6 de janeiro de 1973, um agente da PIDE/DGS (assinatura ilegível), remete, para os habituais "devidos efeitos", uma informação "daquilo que foi apurado nas diligências efectuadas com o fim de saber dos antecedentes políticos de José António Leitão Ribeiro Santos e José Alberto Rebelo dos Reis Lamego, alunos da Faculdade de Direito de Lisboa."
Os mesmos, a meio do ano de 1972, foram eleitos juntamente com outros, para a "Direcção da Associação dos Estudantes" (por acaso, chama-se "Associação Académica") da Faculdade. Ao mesmo tempo, outros estudantes se candidatarm, constituindo outras listas que não vieram a ser eleitas.
"Eleita a lista e aprovada, com o fim de defenderem as "reivindicações estudantis", iniciaram essa tarefa sob a orientação da "Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas", organização que se baseia nas doutrinas "maoistas". Com directrizes desta, realizaram "reuniões" no interior da Faculdade, para arranjarem novos adeptos e respectiva mentalização, e, para organizarem manifestações estudantis nas ruas de Lisboa de apoio aos seus militantes detidos, juntamente com outros estudantes doutras Faculdades.
Assim, o Ribeiro Santos e o Reis Lamego, no prosseguimento da sua tarefa, assistiram com outros não identificados, no dia 12/X/972 à reunião que se realizou no ISCEF, para "analisar e discutir formas de apoio aos estudantes detidos. (manteve-se a grafia e a pontuação originais)
Esta breve citação mostra bem como a polícia política acusava, sem oferecer qualquer prova do que escrevia... e, na realidade, lá estariam depois os tribunais (militares ou civis) para acolher as suas versões e condenar os acusados.
