No dia 17 de outubro de 1972, o diretor do ISCEF (atual ISEG) enviou uma “informação” ao Ministério da Educação Nacional sobre os 4 alunos que se apresentaram aos exames de aptidão àquele Instituto.
“Feita a chamada, entraram na sala respetiva, onde se encontrava o júri”. Mais tarde, o diretor, que se retirara para o seu gabinete, pediu ao prof. João José Gonçalves de Proença (que fora Ministro das Corporações e Previdência Social entre 1961 e 1970) “para ver como corriam os exames” – verificando este que, entretanto, um grupo de alunos apelava ao boicote desses exames.
Algum tempo depois, o presidente do júri, José Ribeiro de Albuquerque, dirigiu-se ao gabinete do diretor e informou que “o júri, perante o estado de espírito perturbado daqueles quatro alunos, após o sucedido, e verificando não estarem nas condições devidas para a realização do exame, havia preferido suspender a prova”
Face ao sucedido, o então Secretário de Estado da Instrução e Cultura, João Luís da Costa André, profere, em 19 de outubro, um longo despacho que, pela sua relevância, se transcreve na íntegra:
“Em referência à Informação prestada sobre os exames de aptidão registados no dia 17 do corrente salente-se à Direcção do I.S.C.E.F. a omissão – que importa colmatar imediatamente – da identidade dos alunos que violaram a entrada da sala e interromperam, ou impediram o início, da prova.
Tratando-se de grupo que estacionou na sala, perante o júri, e permaneceu nos corredores perante docentes, contínuos e alunos nada pode justificar que não tenha sido garantida a identificação de, pelo menos alguns: é, em qualquer caso, e só por si, matéria que exigiria a imediata intervenção da Direcção da Escola, de acordo com as instruções expressamente dadas.”
Estes dois documentos referentes a uma situação verificada no mesmo instituto onde, escassos dias antes, fora assassinado Ribeiro Santos, representam bem a incapacidade e, ao mesmo tempo, a fúria desesperada do aparelho repressivo académico.